Evento aconteceu em Santiago, no Chile, e celebrou a arte e a cultura sul-americana. Maqueson Pereira da Silva, de Cruzeiro do Sul, já trabalhou com marcas internacionais e disputou o Prêmio de Excelência Artesanal para a América do Sul com artistas de nove países.
O acreano Maqueson Pereira da Silva, natural de Cruzeiro do Sul, distante 636 km da capital Rio Branco, levou sua arte para Santiago, no Chile, e ganhou o Prêmio de Excelência Artesanal para a América do Sul, organizado pelo Conselho Mundial do Artesanato (CMA). Com a bolsa feminina, chamada de clutch, o artesão foi destaque no evento que celebrou a arte e a cultura sul-americana: o Mercado das Indústrias Culturais do Sul 2024 (Micsur).
Com artesãos de nove países da América do Sul, os produtos do Peru, Equador, Colômbia, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Chile também concorreram ao cobiçado prêmio. Um dos critérios para seleção dos produtos foi a participação no Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato.
O ganhador tem uma trajetória de mais de 35 anos dedicados ao artesanato. Já é um nome conhecido no Brasil e no exterior, com prêmios nacionais como o TOP 100 de Artesanato, e trabalhos de destaque, como a ambientação da loja da Farm, em Londres. Este prêmio internacional é um reconhecimento da dedicação e profissionalismo do artista.
“É um reconhecimento da Unesco que por si só já é um prêmio. Ter esse reconhecimento no mundo de um trabalho de excelência na área, é algo que todo artista ou artesão gostaria de receber. É uma grande conquista”, comemorou.
A marchetaria é a arte de encaixar madeiras diferentes criando desenhos. Ele conta que conheceu por meio da marcenaria.
“Venho dos barrancos do Juruá e fui seminarista no colégio de padres de Cruzeiro do Sul. Fui para Santa Catarina estudar marchetaria, e lá era obrigatório aprender uma profissão. Iniciei com a marcenaria e depois que eu já estava estudando, descobri a marchetaria, que é a arte de encaixar madeiras diferentes criando desenho. Se eu quisesse aprender, teria que ir para a Itália, então eu não tinha dinheiro. Até que chegou a oportunidade [de estudar no exterior]”, complementou.
O artista leva de três a cinco dias na produção de cada bolsa. Para a fabricação das diversas peças entre bolsas, caixas, porta-joias, chaveiros e quadros são utilizadas 156 espécies de árvores, sendo necessário a importação de alguns tipos da Alemanha. Todas as cores utilizadas na arte são naturais da madeira, apenas a cor azul é produzida através de um efeito químico, fazendo a árvore crescer com esta tonalidade.
“Esta bolsa [premiada] foi inspirada na borboleta, porque dizem que ela é a maior testemunha da existência de Deus. Quando ela abre as asas, ela forma um espelho e se repete da mesma forma no plano quando vemos ela fechada. Então foi pensando nisto que foi desenvolvida essa peça, pensando na borboleta porque temos uma diversidade na nossa região”, falou.
Marchetaria
A quinta edição do Prêmio do Sebrae, que é uma iniciativa conjunta do Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Centro de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB Sebrae), recebeu inscrições de 1.208 artesãos de todas as regiões do Brasil, demonstrando a diversidade e a riqueza do artesanato nacional.
“O selo de excelência da Unesco e do CMA confirma que a produção artesanal do Acre está se modernizando e preservando a identidade cultural. Entre 96 peças inscritas por sete países sul-americanos, apenas 16 artesãos foram premiados, e Maqueson, do interior do Acre, está entre eles”, explica Aldemar Maciel, gestor de turismo, artesanato e economia criativa do Sebrae no Acre.