Conforme balanço da Defesa Civil Municipal, na mesma época do ano passado o rio marcava 7,27 metros. Média para esse período seria de pelo menos 5,63 metros. Em setembro de 2022, o manancial apresentou sua menor cota: 1,25 metro
Em meio ao inverno amazônico, o nível baixo do Rio Acre e a falta de chuvas têm chamado a atenção. Durante 14 dias de maio, choveu apenas 51 milímetros em Rio Branco. O manancial atingiu 3,15 metros nesta quarta-feira (15), menor marca registrada no mês nos últimos 10 anos. Em comparação com a medição do dia anterior, houve uma redução de 20 centímetros.
A situação contrasta com a vivenciada entre fevereiro e março, quando o Acre passou pela segunda maior enchente de sua história desde 1971, ano em que a medição começou a ser feita.
Conforme balanço da Defesa Civil Municipal, na mesma época no ano anterior, o rio marcava 7,27 metros. Veja abaixo a medição no mesmo dia nos últimos 10 anos.
Medição do Rio Acre desde 2015
Ano | Marca |
2014 | 07,02 metros |
2015 | 9,87 metros |
2016 | 3,75 metros |
2017 | 5,60 metros |
2018 | 5,30 metros |
2019 | 6,80 metros |
2020 | 4,46 metros |
2021 | 4,09 metros |
2022 | 3,47 metros |
2023 | 7,27 metros |
2024 | 3,15 metros |
Ainda segundo o órgão municipal, a média para esse período seria de pelo menos 5,63 metros. O ano em que o manancial apresentou menor marca, antes de 2024, foi em setembro de 2022 quando marcou 1,25 metro. Naquele ano, o rio já estava abaixo dos quatro metros no mês de maio.
O mesmo quadro foi observado em 2016, em maio daquele ano o nível do rio estava em 3,75 metros e em 17 de setembro atingiu a menor cota histórica até então, 1,30 metro.
“Este ano estamos muito mais baixos ainda. A previsão é de que se não houver chuvas nos próximos dias, vamos ter um colapso de água. O nível do rio está baixo porque choveu pouco esse mês. Choveu apenas dois dias esse mês e cada dia o nível baixa mais”, explicou o coordenador do órgão, tenente-coronel José Glácio Marques de Souza.
Caso não chova nos próximos dias, a previsão é que o nível continue diminuindo e fique abaixo dos três metros ainda no mês de maio. O coronel destacou ainda que houve apenas duas chuvas significativas em Rio Branco durante os 14 primeiros dias do mês: a primeira no dia 4 e a segunda no dia 5.
“A expectativa é de que baixe. Isso preocupa muito porque está baixando muito rápido. Na última quarta-feira [8] estava com 4,81 metros e na quinta [9] já baixou 45 centímetros”, lamentou.
A Defesa Civil de Rio Branco confirmou que um plano de contingência de escassez hídrica está pronto para ser colocado em prática. Contudo, detalhes sobre quais medidas fazem parte do plano não foram divulgados.
Da segunda maior enchente à ameaça de seca histórica
A situação de maio é bem diferente da vivida na capital acreana há quase três meses. O manancial transbordou no dia 23 de fevereiro e continuou a subir até o dia 6 de março, quando chegou a 17,89 metros. A enchente de 2024 foi a segunda maior já registrada na história do estado desde 1971, quando a medição começou a ser feita.
Somente no dia 11 daquele mês, ou seja, cinco dias depois, o Rio Acre saiu da cota de transbordo, de 14 metros. As cheias de rios e igarapés em quase todo o Acre atingiram 100 mil pessoas, com 19 das 22 cidades do estado (86%) em situação de emergência, áreas sem energia elétrica, aulas suspensas, plantações perdidas e o registro de quatro mortes.
Já em todo o mês de abril, o Rio Acre ficou abaixo dos sete metros na capital, sendo que o maior índice foi marcado no dia 14, 6,42 metros. No mês de maio, o manancial começou medindo 4,89 metros e desde então vem baixando.
Fonte: G1, Ac